Sunça no Cinema – O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro

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A vida de Peter Parker anda movimentada. Entre capturar ladrões e passar um tempo com Gwen Stacy, ele ainda precisa lidar com a sua formatura. Peter não se esqueceu da promessa que fez para o pai de Gwen, mas manter-se afastado da garota dos seus sonhos é praticamente impossível. As coisas começam a se complicar para Peter quando um novo vilão, Electro, surge e um velho amigo, Harry Osborn, reaparece em sua vida. Além claro, de novas pistas sobre o seu próprio passado.

140min – 2014 – EUA

 
Dirigido por Marc Webb. Com roteiro de James Vanderbit, Alex Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner. Com Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Paul Giamatti, Dane Dehaan, Sally Field, Felicity Jones e Chris Cooper.

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Quando pequeno meu sonho sempre foi me tornar o Homem-Aranha. (E ainda é!) Sou apaixonado pelo herói. A recordação mais antiga que tenho do meu laço com o teioso é uma foto de quando eu tinha dois anos de idade fantasiado de Homem-Aranha. Desde muito novo acompanho o herói nos quadrinhos, nos games, nos desenhos animados e mais recentemente, nos longas de Sam Raimi e nos atuais longas de Marc Webb. Digo isso porque para mim um filme do Aranha sempre vai ser algo especial. Até o ruim Homem-Aranha 3 de Sam Raimi e o fraco O Espetacular Homem Aranha de Marc Webb têm um lugar especial em meu coração. O que não vem ao caso quando se trata do O Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro.

A cena inicial do filme é um flashback sobre os pais do herói. O passado obscuro deles continua sendo explorado neste novo longa e ainda é uma fixação do protagonista. A necessidade do longa anterior de explorar o passado dos pais de Peter e torná-lo um predestinado a se tornar o Homem-Aranha me incomodava, porém os flashbacks presentes neste novo filme parecem perder essa pretenção de predestinação e apenas responder questionamentos de Peter. É muito elegante que a cena inicial que é sobre sofrimento, perda e morte se inicie nas engrenagens de um relógio. Que no final do longa termina sua rima visual em outra cena de perda e sofrimento em meio a engrenagens de um relógio.

Após o flashback já entramos em uma cena de ação onde o Aranha se balança pelos prédios de Nova Iorque até encontrar uma perseguição policial. Aqui já percebemos o visual fantástico que o longa vai ter e em especial o visual das cenas de ação. É incrível perceber a movimentação do herói, enquanto atira suas teias e salta pelos prédios o Aranha passa a teia de uma mão para a outra, escala prédios, escala um pouco a teia para ganhar altitude antes dar seu próximo tiro, luta com seus adversários e dispara piadas para todos os lados. Tudo isso ao mesmo tempo e sempre com um trejeito “amador” de combate ao crime. A impressão é de que o Homem-Aranha está vivo. E os destoantes planos subjetivos presentes no primeiro filme dão lugar a planos subjetivos visualmente bonitos e bem encaixados nas cenas de ação. Na primeira luta contra o Electro em uma cena em câmera lenta onde o Homem-Aranha se esforça para evitar que pessoas sejam atingidas por um carro ao mesmo tempo em que evita que pessoas sejam eletrocutadas. Marc Webb nos mostra visualmente como o “sentido aranha” desperta no herói uma grande percepção dos acontecimentos ao seu redor.

A primeira cena de ação também nos mostra como é um constante conflito para o protagonista ser o Homem-Aranha e cumprir seus deveres ao mesmo tempo (literalmente) que lida com seu relacionamento com Gwen. A relação entre os dois é bem construida, seus momentos desajeitados e meigos dão a dimensão complexa e forte de seu relacionamento. Andrew está ótimo como Peter e Emma também ótima nos mostra como é fácil se apaixonar por Gwen. De forma objetiva e rápida o filme nos mostra relação entre Harry e Peter, já em seu primeiro encontro temos Harry no topo das escadas com o rosto imerso na escuridão e Peter abaixo na base das escadas com seu rosto iluminado em uma conversa fria e distante, nos mostrando o potencial contraste entre os personagens, até que Harry desce alguns degraus seu rosto se ilumina Peter se aproxima e a conversa se torna amigável e íntima. Mostrando o laço de amizade que ainda existe entre os dois. Tia May e Peter também tem seus momentos, alguns divertidos e outros mais profundos que nos mostram como é cada vez mais forte a relação entre os dois.

Os três vilões do longa são interessantes. O Rino tem uma pequena e boa participação que rendem cenas visualmente lindas, o Duende Verde têm a sua origem e a construção de seu rancor e ódio pelo teioso, o Harry aqui é mais do que apenas um garoto mimado. Já o Electro, esse sim é a verdadeira ameça do filme. Max, o personagem de Jamie Foxx antes de se tornar o Electro, é caricato, pastelão e louco, já Electro é um vilão temivel e multifacetado. É interessante ver o seu amor pelo amigão da vizinhaça, sua fixação e carência, se tornar em ódio e rancor. O filme em nenhum momento coloca Harry ou Max como personagens maus que querem ser criminosos, são persoagens que se sentem magoados e traídos e apelam para a maldade como último recurso. O personagem Max é um bom exemplo de como o tom desse filme é diferente. Ele é mais caricato e engraçado. Os momentos dramáticos também estão presentes, não tenho vergonha em admitir que fiquei com lágrimas nos olhos em determinado momento do filme. Mas o drama e o humor ocilam de forma harmônica durante o filme.

Com os já confirmados filmes do Sextto Sinistro, Venom e o terceiro e quarto Espetacular Homem-Aranha fica perceptivel a necessidade do longa de introduzir vários personagens e ampliar o universo aracnídeo e fornecer protagonistas para os próximos longas. É uma pena, porque personagens interessantes dos quadrinhos acabam tendo uma pequena participação nesse filme, como por exemplo a Felicia (Felicity Jones), o Rino (Paul Giamatti) e o Norman Osborn (Chris Cooper). E a cena final na Oscorp acaba sendo um grande gancho para as continuações do longa.

Algumas opções do filme/franquia não agradam, tornar a Oscorp numa grande corporação do mal de onde saem todos os problemas do teioso é uma delas. A insistência na história passada dos pais de Peter também não ajuda e eliminar rapidamente um personagem importante como o Norman Osborn é um pecado. Além é claro de mais uma vez Gwen saber fazer tudo necessário para resolver os problemas no climax do filme. E é triste a impressão de que a cada filme dessa nova franquia a importância do Tio Ben é menor.

Bons personagens com relações bem construidas em uma trama bem mais coerente do que a do primeiro filme e visualmente fantástico com ótimas cenas de ação. Um Aranha mais bem humorado e mais confiante em seu dever. Percebe-se claramente que Peter adora ser o cabeça de teia.  E como abrir a uma HQ e ver os amores, temores, problemas e as complicações do teioso que tanto nos divertiram e entreteram durante a infância. E a opção por colocar o Homem-Aranha como um símbolo de esperança e como um protetor dos cidadãos, é para mim, a decisão mais acertada do filme. Esse não é o meu filme favorito do teioso, mas definitivamente conquistou seu espaço em meu coração.

Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida a cena pós créditos. Norma adotada em todo o Brasil.

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Nota do Sunça:

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