Num futuro distópico, em 2045, Wade Watts (Tye Sheridan), como o resto da humanidade, prefere a realidade virtual do jogo OASIS ao mundo real. Quando o criador do jogo, o excêntrico James Halliday (Mark Rylance) morre, os jogadores devem descobrir a chave de um quebra-cabeça diabólico para conquistar sua fortuna inestimável. Para vencer, porém, Watts terá de abandonar a existência virtual e ceder a uma vida de amor e realidade da qual sempre tentou fugir.
140 min – 2018 – EUA
Dirigido por Steven Spielberg e roteirizado por Zak Penn e Ernest Cline. Com Tye Sheridan, Lena Waithe, Olívia Cooke, Win Morisaki, Philip Zhao, Mark Rylance, Ben Mendelsohn, Simon Pegg, Mark Rylance e Hannah John-Kamen.
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Nasci na década de oitenta, no ano de 1986 exatamente. E como todo jovem da minha geração, fui extremamente influenciado pela produção cultural oitentista. Seus filmes, séries, música, livros, quadrinhos, games e animações fazem parte da minha construção como pessoa. Logo, uma obra como “Jogador N°1” que têm como um de seus objetivos reverenciar e enaltecer a cultura pop da década de oitenta, já me agrada e encanta de antemão. São tantas referências e easter eggs que afirmo ser impossível perceber todas com apenas uma exibição. O longa é uma experiência nostálgica, uma viagem no tempo onde Steven Spielberg nos transforma em crianças novamente. São duas horas e vinte minutos que passam voando. Assisti ao filme em IMAX 3D e caso seja possível, recomendo assistir nessa versão.
Baseada no livro de Ernest Cline (Que não li) a trama se passa em um futuro apocalíptico no ano de 2045. O mundo é um caos um cenário terrível marcado pela divisão de classes. Isso “obriga” seus residentes a escapar para o OASIS sempre possível. Criado por James Halliday (Mark Rylance) o OASIS é uma realidade virtual onde você pode ser quem ou o que quiser. Wade Watts (Tye Sheridan) é um jovem morador de um favela que também passa seus dias escapando da realidade nesse mundo virtual na persona de Parzival, seu avatar. É um órfão de dezessete anos que sobrevive nesse contexto. Em suas próprias palavras “O ser humano desistiu de tentar resolver os problemas do mundo e apenas sobrevive”. Wade cresce obcecado por Halliday e se torna um dos maiores especialistas em sua vida pessoal. No ano de 2040 James Halliday morre e deixa pistas (easter eggs) em sua obra. Quem conseguir encontrá-los e finalizar os três desafios se tornaria dono de todo o seu legado. A corporação IOI na figura do CEO Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn) busca vencer o concurso apenas com interesses financeiros nunca se importando com o mundo, as pessoas e o ambiente virtual em si. É nesse contexto que Parzival e seus aliados Aech/Helen (Lena Waithe), Art3mis/Samantha (Olívia Cooke), Toshiro Yoshiaki / Daito (Win Morisaki) e Akihide Karatsu / Shoto (Philip Zhao) lutam pelo futuro de OASIS.
O roteiro de Zak Penn e Ernest Cline (Autor do livro) segue uma estrutura comum, jovem órfão desconhecido e esquecido pelo mundo têm a possibilidade de se tornar um “herói”, salvá-lo e ficar com a garota. Não inova e em diversos momentos se mostra muito expositivo. Mas é bem sucedido em estabelecer paralelos, sutis, sobre a nossa sociedade, o que somos hoje e que caminho tomamos. Hoje, já estamos cada vez mais conectados e menos ligados da realidade. O foco é mesmo a caça ao tesouro, a conquista dos desafios e a compreensão dos enigmas. Uma aventura divertida e despretensiosa no melhor estilo “Os caçadores da Arca Perdida” e “Os Goonies”. E se na trama um grupo de “crianças” luta contra adultos e corporações malvadas, quem melhor do que o diretor de “E.T. – O Extraterrestre” para comandar o projeto (Também diretor de Os caçadores da Arca Perdida e diretamente envolvido na produção de Goonies). Logo no início Spielberg mostra a que veio e o tom de toda a produção. Com um ágil e dinâmico plano sequência, que valoriza os cenários e a direção de arte, nos apresenta o mundo e sociedade em que a história acontece. Uma direção enérgica e criativa, que encanta os espectadores. Tudo isso ao som de hits oitentistas. Van Halen, George Michael, Blondie, Tears for Fears, dentre outros, marcam presença na trilha. “Jump” parece ter sido feita para a abertura em plano sequência mencionada. É neste vigor das aventuras infanto-juvenis de 1980 que “Jogador N°1” tem sua maior força. O cineasta faz que questão de homenagear nomes que, junto consigo, impulsionaram toda essa cultura pop. George Lucas, Robert Zemeckis, Richard Donner, John Hughes, dentre outros. Zemeckis inclusive têm seu nome vinculado a um artefato do “jogo” que tem como função voltar no tempo.
Referências estão em todas as partes. É um dos prazeres do longa procurá-las e encontrá-las. Você vê um Robocop aqui, um Spawn ali, olha, as Tartarugas Ninja! É a granada santa de Monty Python e Worms? Além de cenas que são colírio para os olhos. Quem nunca quis ver o DeLorean em uma corrida que envolve o T-Rex e o King Kong? Ou uma luta com o Gigante de Ferro, Gundam RX-78-2 e o Mechagodzilla? Ou uma imersão em um clássico do terror? E quem não quer ver Chucky de brinquedo assassino? E, para mim, foi um regozijo de prazer todas as vezes em que a nave Serenity de “Firefly” aparecia.
“Jogador N°1” consegue manter o interesse do espectador do início ao fim. É acelerado nas ágeis cenas de ação (Que não são desnecessárias para a trama) e tranquilo nos momentos de desvendar seus enigmas. É divertido e empolgante. Um filme que vai conseguir agradar a todos, até mesmo quem não conseguir perceber as referências. Discute o presente e os rumos da sociedade em uma história futurista que nos transporta para o passado.
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Nota do Sunça:
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