No FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) de 2018, fui um dos quadrinistas selecionados para participar da exposição “Traçado na memória”.
Cada artista escolheu um ponto turístico de Belo Horizonte, com o qual têm uma conexão, e deveria representá-lo em uma página de hq. Além disso, cada autor também teve que escrever um testemunhal para seu ponto simbolo da cidade.
O meu não poderia ser outro, senão, o Mercado Central! Sábado passado, dia sete de setembro de 2019, o Mercadão completou noventa anos de idade. Para celebrar a data resolvi eternizar por aqui a singela homenagem que produzi ano passado.
Segue algumas fotos da exposição e na sequência meu texto testemunhal.
“Tenho tantas lembranças do Mercado Central que seria impossível retratá-las em apenas uma página de HQ.
Desde pimpolho acompanho meus pais em compras e passeios. (Regados com abacaxi, goiabada e doce de leite.) Com amigos já fiz aquisições inusitadas, após estadias em seus hospitaleiros bares. Depois de longas jornadas pela noite belo-rizontina, fui protagonista de situações incomuns e comportamentos não usuais. (Cantar e dançar descalço, com a camisa semi-aberta e devidamente equipado com um sombreiro, não é tão incomum né?) Lá consumi saborosos cafés da manhã. (Munidos de pinga da roça e fígado acebolado com jiló). Constantemente faço compras para embelezar minha morada, encorpar minha cozinha, abastecer minha geladeira e aromatizar minha horta.
Sinto que o Mercado me acompanha em todos os momentos da vida. Já perdi a conta de quantos sábados me deliciei com suas prosas e causos. Acredito que é assim que se sente todo belorizontino. Aliás, os mineiros.
Hospitalidade, aconchego, alegria e tradição. É a parada obrigatória das Gerais e o melhor e mais democrático ponto de convivência de Belo Horizonte. O Mercado Central é a multiplicidade de cores, produtos, pessoas e sabores, é onde de fato se encontra Minas Gerais.
Oitenta e nove anos de tradição, o terceiro melhor mercado do mundo e meu parceiro.
Tamô junto mercadão!”
*Texto de maio de 2018
Ministério do sarcasmo adverte:
Acreditar e/ou levar a sério informações desse texto é um atestado de bestialidade.
Sunça é cartunista, escritor e publicitário.
Às vezes certo, às vezes errado, nunca com razão.
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