O tempo passou para Rambo (Sylvester Stallone), agora ele vive recluso e trabalha em um rancho que fica na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Sua vida antiga marcada por lutas violentas, mas quase sempre vitoriosas, ficou no passado. No entanto, quando a filha de um amigo é sequestrada, Rambo não consegue controlar seu ímpeto por justiça e resolve enfrentar um dos mais perigosos cartéis do México.
100 min – 2019 – EUA
Dirigido por Adrian Grunberg, roteirizado por Matthew Cirulnick e Sylvester Stallone. Com Sylvester Stallone, Adriana Barraza, Yvette Monreal, Paz Vega, Fenessa Pineda, Óscar Jaenada e Sergio Peris-Mencheta.
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Trinta e sete anos atrás chegou às telas “Rambo: Programado para Matar”, no original “First Blood”. A franquia teve mais três episódios, “Rambo 2: A Missão”, “Rambo 3” e “Rambo 4”. Hoje chega aos cinemas o quinto e último filme da série “Rambo: Até o Fim”, no original “Last Blood”. É triste perceber que o personagem chega em 2019 descaracterizado e desatualizado. Ainda que apresente bons momentos, a impressão final é a de que assistimos a um filme de ação genérico e sanguinário. Apenas Sylvester Stallone a as ideias de um ex combatente atormentado e um exército de um homem só, fazem a ligação de que esse protagonista é de fato John Rambo.
A obra dedica seus dois primeiros atos a um drama. Uma tentativa de estabelecer relações e vínculos que justifiquem toda a trama e a violência que vamos presenciar. O roteiro de Matthew Cirulnick e do próprio Stallone, coloca o veterano de guerra “aposentado” no rancho de sua família. Ali, em um lugarejo do Arizona, Rambo vive na companhia de duas pessoas, Maria (Adriana Barraza) e sua neta Gabrielle (Yvette Monreal). Elas são o mais próximo que ele já chegou de ter uma família. Infelizmente eles acabam se envolvendo com uma quadrilha mexicana que obriga John a sair da “aposentadoria”. Após os dois primeiros atos que, através de diálogos expositivos, buscam demonstrar os vínculos dos personagens e criar empatia do espectador com as novas “mãe” e “filha” do protagonista. Chegamos as cenas de ação que se concentram, em sua maioria, no último ato. Sequências repletas de violência gore, com muitos desmembramentos e vísceras. Tudo mostrado e evidenciado sem pudor.
O que move a trama é a vingança. E o que incomoda, é o atraso conceitual que coloca personagens femininas sofrendo abusos físicos e sexuais como catalisador da história. Mais uma vez um homem forte e implacável vinga abusos sofridos por mulheres indefesas. Com seu personagem principal, “Rambo: Até o Fim” tenta uma abordagem mais profunda. A sequência inicial de enchentes em meio a uma tempestade, têm o objetivo claro de contextualizar uma incapacidade do personagem de lidar com frustrações. Um homem violento, maltratado pela vida e marcado por perdas e dores. É uma tentativa válida, que funciona razoavelmente. Stallone consegue transmitir a figura de um homem amargurado e perdido, sempre em busca da paz. Para John, o outro é o inimigo e o mal. Esse comportamento é justificado por seu próprio conflito interno. Um homem violento que não muda e que sim se controla a todo momento para conviver na sociedade.
Os outros personagens nada têm a oferecer, suas atitudes e ações são unidimensionais. Gabrielle a adolescente teimosa, Maria a mãe carinhosa, os vilões Victor (Óscar Jaenada) e Hugo Martínez (Sergio Peris-Mencheta) são os malvados e sádicos líderes do quartel. O protagonista ainda recebe a ajuda da jornalista investigativa Carmen Delgado (Paz Vega), que tem como função justamente auxiliar o herói em dois momentos pontuais. E finalizando, a amiga de Gabrielle, Jezel (Fenessa Pineda) a catalizadora da trama que aparece e desaparece num piscar de olhos.
Ainda que de forma sutil, existe sim a tentativa de colocar John Ramo como um “monstro” criado após uma vida de violência, na qual ele foi submetido. Na sequência final no celeiro, o diretor Adrian Grunberg opta por uma câmera subjetiva na visão do vilão. Essa opção coloca Rambo como um “bicho”, uma força implacável que aterroriza.
Mas é nítida outra escolha falha e até mesmo irresponsável de “Rambo: Até o Fim”. A opção do roteiro pela história se passar nos Estados Unidos e colocar um ex militar americano enfrentando mexicanos é problemática. Vivemos na época dos discursos de ódio e de propostas malucas como a construção de muros separatistas. Optar por colocar os mexicanos como vilões e retratá-los como traficantes, ladrões e estupradores é problemática. Para os fãs do personagem é uma despedida nostálgica, violenta e sanguinolenta.
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Nota do Sunça:
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