Agora morando na casa da pequena Bonnie, Woody apresenta aos amigos o novo brinquedo construído por ela: Forky, baseado em um garfo de verdade. O novo posto de brinquedo não o agrada nem um pouco, o que faz com que Forky fuja de casa. Decidido a trazer de volta o atual brinquedo favorito de Bonnie, Woody parte em seu encalço e, no caminho, reencontra Bo Peep, que agora vive em um parque de diversões.
100 min – 2019 – EUA
Dirigido por Josh Cooley. Roteirizado por Andrew Stanton, Stephany Folsom. Com Tom Hanks, Tim Allen, Annie Potts, Tony Hale, Keegan-Michael Key, Madeleine McGraw, Christina Hendricks, Jordan Peele, Keanu Reeves, Ally Maki, Jay Hernandez, Lori Alan, Joan Cusack, Bonnie Hunt, Kristen Schaal, Emily Davis, Wallace Shawn, John Ratzenberger, Blake Clark, June Squibb, Carl Weathers.
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Em 1995 “Toy Story” chegou aos cinemas. Com nove anos de idade, me identifiquei com Woody e seus dilemas. Em sua primeira “aventura” o cowboy aprendia a lidar com as mudanças da vida, novos relacionamentos e amizades. Quatro anos depois nosso amado xerife aprendeu sobre o valor de seu passado e conheceu novos brinquedos. Tudo isso, enquanto buscava por seu lugar no mundo. Onze anos se passaram, e eu, já aos vinte e quatro anos de idade e formado na faculdade, me peguei chorando com Woody quando ele lidava com a efemeridade da vida, lutava por suas crenças e ideais e tentava manter sua família unida. Em 2019 assisti pela primeira vez a busca de autoconhecimento e a tentativa do cowboy de descobrir seu real propósito na vida. Aos trinta e dois anos de idade “Toy Story 4” me mostrou que eu cresci e amadureci ao lado do meu amigo Woody. E que a franquia “Toy Story” não é sobre a saga dos brinquedos de Andy. É sobre a história de Woody, sua devoção a Andy e a seus amigos. Acompanhamos suas tentativas em encontrar e cumprir a sua função no mundo.
Quando Andy doou seus brinquedos para Bonnie (Madeleine McGraw), na época, soou como o final perfeito. Mas não demoramos a perceber que nosso protagonista está com problemas. Woody (Tom Hanks) tem ficado “esquecido” no armário nos momento em que a garota inventa suas histórias e cria seus mundos. A heroína de Bonnie é Jessie (Joan Cusack) que chega até a usar o distintivo de Woody durante suas brincadeiras. O cargo de líder dos brinquedos naturalmente ficou para a boneca Dolly (Bonnie Hunt) um brinquedo mais antigo da menina. Aqui já percebemos que está acontecendo um importante, e necessário, crescimento nas lideranças femininas. Um reflexo de nossa sociedade que têm caminhado nessa direção. Tudo isso se comprova com o retorno de Betty (Annie Potts) a mocinha indefesa das brincadeira de Andy, é agora um brinquedo sem dono. Ela é independente, forte e segura de si. Alguém que encontrou seu lugar no mundo. E dessa vez, é Betty que resgata Woody. Literalmente, emocionalmente e psicologicamente.
Mesmo deixado de lado por Bonnie o xerife não desiste de sua “função” e luta de forma obstinada pela felicidade da menina. Ele acaba encontrando refúgio em uma outra obrigação, cuidar do novo queridinho da menina, o Garfinho (Tony Hale). Personagem que chega trazendo ainda mais crises existenciais para a obra. Ele que não se considera nada mais do que lixo se une ao complexado e inseguro Duke Caboom (Keanu Reeves), a obcecada em ser amada Gabby Gabby (Christina Hendricks) e o perdido Woody. O cowboy tenta convencer Garfinho que ele é mais do que apenas lixo. E assim, entra em uma jornada de autodescobrimento que vai envolver todas essas discussões existenciais mencionadas. Sempre com bom humor e sem perder a leveza de uma produção destinada a toda família.
O diretor Josh Cooley é inventivo e conduz a narrativa de forma dinâmica, com boas gags visuais, piadas verbais, humor de repetição e subversão. Sabe trazer referências visuais e de estilo das obras anteriores e também o momento certo de subverter conceitos antigos. Faz acenos a clássicos do cinema, como por exemplo “O Iluminado” não apenas com a canção “Midnight, the Stars and You” no antiquário, mas também com todo o clima de terror e medo nas sequências que envolvem os terríveis bonecos ventríloquos. O roteiro de Andrew Stanton e Stephany Folsom merece destaque por saber não só dar sequência a principal franquia da PIXAR, mas por conduzi-la a novos caminhos, introduzir novas ideias e evoluir. Ainda assim ele perde força em alguns momentos, a obrigação de encontrar funções narrativas para os inúmeros personagens secundários criam sequências que não justificam seu tempo em tela.
É triste perceber que personagens importantes como por exemplo Buzz Lightyear (Tim Allen) não ganham papel de destaque neste quarto capítulo. O arco dramático de Buzz se resume a ouvir sua própria voz, o que gera boas piadas, mas seria bom ver mais do patrulheiro espacial. Vale destacar que enquanto Buzz tenta escutar sua “voz interior”, Woody abre mão da sua em prol de sua obstinação para recuperar Garfinho, Betty entoa sua voz firme e forte ao longo de toda a projeção e a “vilã” busca apenas encontrar sua própria voz. Os novos personagens são ótimos e vêm para agregar. Além do maravilhoso Duke Caboom temos o Ducky (Keegan-Michael Key) e o Bunny (Jordan Peele) que roubam a cena sempre que lhes é dada a oportunidade. E o que dizer do insano unicórnio Buttercup (Jeff Garlin)?
“Toy Story 4” nos emociona com força em seus momentos finais. É difícil segurar as lágrimas diantes dos inevitáveis acontecimentos e encerra com maestria mais um de nossos ritos de passagem. Woody percebe o erro em sua excessiva devoção. Ele aprende que sua função e o que o define não deve ser vinculado aos desejos de outros, ou ao reconhecimento dado por outros.
Sigo fascinado pelos quatro filmes da franquia e espero poder continuar crescendo e amadurecendo com o meu amigo Woody.
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Nota do Sunça:
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