Em Rede de Ódio, um jovem passa a fazer sucesso incitando o ódio em campanhas nas redes sociais, atacando desde influenciadores virtuais a políticos renomados. O que ele não contava é que toda essa crueldade no mundo virtual cobraria seu preço no mundo real, complicando sua vida.
135 min – 2020 – Polônia
Dirigido por Jan Komasa. Roteirizado por Mateusz Pacewicz. Com Maciej Musialowski, Vanessa Aleksander, Danuta Stenka, Jacek Koman, Agata Kulesca, Maciej Stuhr.
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“Rede de Ódio” é o novo filme exclusivo da Netflix, e a segunda obra do diretor polonês Jan Komasa que também dirigiu “Corpus Christi” indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2020. A obra é ambientada nos bastidores de uma rede de criação e distribuição de fake news. Utiliza disso para discutir sobre os efeitos da manipulação de informação digital e disseminação de discursos de ódio. Incita um debate sobre a polarização política, a intolerância e comportamentos nocivos. Em uma trama que aproveita desse cenário para construir um ótimo suspense, onde acompanhamos um protagonista ambicioso e inteligente. Um personagem frio e sagaz que não hesita em executar ações completamente questionáveis.
Quando somos apresentados a Tomasz Giemza (Maciej Musialowski) ele está sendo jubilado da universidade de direito por plágio. Ele é um jovem do interior que têm seus estudos pagos por Robert (Jacek Koman) e sua esposa Zofia (Danuta Stenka). Tomasz tem uma paixão não correspondida pela filha do casal a Gabi Krasucka (Vanessa Aleksander). O que ele quer é conquistar Gabi e cair nas graças da família. A vida do protagonista muda, quando ele consegue um emprego numa agência de marketing com foco em destruir reputações e pessoas. É uma premissa simples que o roteirista Mateusz Pacewicz sabe aproveitar ao máximo. Tomasz é uma pessoa que deseja atenção e poder, e seu ambiente natural parece ser o ódio e a intolerância muito presente nas redes sociais. É um sociopata que passa a unir seu trabalho inescrupuloso as suas intenções narcisistas. Durante a obra acompanhamos a construção psicológica do protagonista, ele inicia o longa como um infrator de plágio e termina como alguém que não exita em cometer qualquer tipo de crime para conquistar seus objetivos. É um ótimo trabalho de Maciej Musialowski, uma atuação baseada em detalhes e pequenos gestos. Seus olhos sempre vidrados nas telas observando as redes sociais também nos mostram o prazer do personagem em manipular pessoas e sair impune de suas terríveis ações.
Enquanto caminhamos junto de Tomasz e conhecemos seu psicológico quebrado, também adentramos no mundo das fake news e da manipulação online de informação e de pessoas. Um ambiente cruel que vai nos fazer refletir sobre o contexto polarizador em que vivemos, a cultura de cancelamento de pessoas e celebridades, homofobia, intolerância e o discurso de ódio. São questões complexas e atuais que o roteiro sabe tirar proveito nesse impactante thriller. “Rede de Ódio” demonstra que sabe muito bem o que está fazendo quando coloca seu personagem principal caminhando pelos dois lados da polarização criada. O roteiro tem o cuidado de gerar uma pequena simpatia por seu protagonista, mas não para justificar seus atos e sim para evitar o cansaço que poderíamos sentir ao acompanhar alguém tão egoísta e repugnante. Afinal sempre que chegamos próximos de um sentimento de empatia por Tomasz ele toma uma atitude terrível sem demonstrar remorso. Em algumas sequências a obra adota uma curiosa montagem que coloca momentos de passado e de presente em paralelo, que aumenta ainda mais a dualidade de Tomasz. Além de gerar uma proposital desorientação, nessa interessante reflexão sobre mentira e impunidade que a produção apresenta.
A trama acaba facilitando a vida de seu personagem principal em alguns momentos e, por ser uma obra ficcional, sua narrativa toma algumas liberdades e comete alguns exageros. Sua ascensão política é rápida e fácil, em alguns momentos Tomasz consegue entrar em casas, clubes e prédios com tranquilidade. Mas não é algo que cause impacto na suspensão de descrença do espectador. O encerramento é ousado e poderoso. A fragilidade do “final feliz” está estampada no olhar do protagonista e se confirma pelo enquadramento final do diretor Jan Komasa que emoldura seu personagem principal como antes observamos uma de suas vítimas. “Rede de Ódio” é um filme para se assistir, pensar, debater e refletir.
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Nota do Sunça:
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