Treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível, Diana Prince (Gal Gadot) nunca saiu da paradisíaca ilha em que é reconhecida como princesa das Amazonas. Quando o piloto Steve Trevor (Chris Pine) se acidenta e cai numa praia do local, ela descobre que uma guerra sem precedentes está se espalhando pelo mundo e decide deixar seu lar certa de que pode parar o conflito. Lutando para acabar com todas as lutas, Diana percebe o alcance de seus poderes e sua verdadeira missão na Terra.
141 min – 2017 – EUA
Dirigido por Patty Jenkins, roteirizado por Allan Heinberg, Zack Snyder e Jason Fuchs. Com Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright, Danny Huston, David Thewlis, Elena Anaya, Lucy Davis, Ewen Bremner, Saïd Taghmaoui, Lisa Loven Kongsli, James Cosmo, Steffan Rhodri, Rachel Pickup, Rainer Bock, Florence Kasumba e Eleanor Matsuura.
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Não é comum em Hollywood uma super produção de grande orçamento com uma protagonista. Aliás, é bem raro. É admirável a atitude da Warner de produzir um longa com uma heroína como personagem principal, que toma decisões e controla os rumos da trama. Em uma obra comandada por uma mulher. E, é ainda melhor, que tudo isso ocorra em um bom filme. A diretora Patty Jenkins, nos apresenta a Mulher-Maravilha de Gal Gadot em um longa de origem com ótimas cenas de ação, uma narrativa eficaz, com diversidade no elenco e uma boa química de seus atores.
Nos quadrinhos a super-heroína tem duas origens, em “Mulher-Maravilha” ambas são contempladas. É uma mistura inteligente entre as histórias de origem e o mais importante, é eficaz. Diana (Gal Gadot) cresce em meio a amazonas, ela as admira, é curiosa e destemida. Desde jovem parece predestinada a se tornar uma grande guerreira. A fotografia da Ilha Paraíso (Themyscira) é colorida, alegre e deslumbrante. Remete em diversos momentos ao divino. O que causa um contraste com a cinza, triste e enfumaçada Londres. Demonstrando a tristeza e todo horror da guerra em que o mundo dos homens se encontra. Outro aspecto impressionante das amazonas é quando estão em ação. As cenas de luta impressionam e empolgam. Nelas as personagens sempre aparecem poderosas, fortes, habilidosas e empoderadas. Realmente dá gosto de ver. Vale um destaque para a fascinante Antíope (Robin Wright) em combate. E, é claro, a própria Diana. Em diversos momentos da obra demonstra a que veio, todos seus poderes são explorados de forma convincente e é de arrepiar a primeira vez que a vemos no uniforme. É muito emblemático que isso aconteça justo no meio de uma batalha de trincheiras, um dos piores, mais covardes e desumanos momentos da primeira grande guerra.
Em “Mulher-Maravilha” Diana é princesa das Amazonas, filha de Hipólita (Connie Nielsen). Desde jovem ela é treinada para ser uma guerreira imbatível. Ao entrar em contato com o piloto Steve Trevor (Chris Pine) e descobrir que uma guerra sem precedentes está acontecendo no mundo dos homens. Diana decide abandonar seu lar, a ilha Themyscira, com a convicção de que pode encerrar o conflito. No início do filme de forma bem didática, Hipólita no explica o conflito entre Zeus e Ares, como as amazonas foram criadas e a origem da ilha e da própria Diana. A narração é acompanhada de uma arte bonita e cativante, que nos contextualiza de forma orgânica. Mas é um momento excessivamente expositivo. É interessante como a obra trabalha bem com a interação entre elementos místicos e reais.
Gadot é bem sucedida em demonstrar a preocupação da heroína com os inocentes, a sua ternura e até mesmo sua fúria. Seu timing cômico é fundamental, é séria quando necessário e engraçada quando preciso. É nítida a inocência da protagonista no início da trama, a percebemos em seu olhar, nas suas falas, ações e na interação com os outros personagens. Ao decorrer do roteiro percebemos sua mudança e crescimento. Na cena final, em Londres, temos uma Mulher-Maravilha mais forte, sábia e empoderada. Chris Pine constrói Steve Trevor como um companheiro de jornada, um parceiro que têm seus momentos de destaque mas que nunca se sobrepõe a protagonista. É também um contraponto à visão romantizada de Diana, um personagem cético com objetivos racionais. O casal desenvolve um relacionamento equilibrado, o romance não é forçado. É sincero, eles se fortalecem um com o outro. A química é ótima e o tom cômico é certeiro. A dupla nos proporciona vários bons momentos, como a cena do barco, o momento em que Steve toma banho, dentre outros. Os demais membros do time também são interessantes e acrescentam a trama. A diversidade está presente, temos Sameer um árabe, Charlie um escocês e o nativo americano Chefe. Os personagens tem a chance de revelar várias formas de opressão o que acrescenta em muito o aprendizado de Diana. Já o vilão e o terceiro ato como um todo parecem um pouco deslocados na trama. Apesar de Ares ser fundamental para que a Mulher-Maravilha descubra todo seu poder, seu arco não é bem aproveitado e no final caímos na mesmice de uma grande e exagerada luta com excessivos efeitos especiais.
Patty Jenkins aproveita a oportunidade que têm para evidenciar algumas ideias feministas, ela é sutil e sabe utilizar esses momentos para criar cenas divertidas. O contraste entre a Princesa Guerreira e o mundo do homens, machista e conservador, é um bom exemplo. A personagem Etta Candy (Lucy Davis) demonstra bem o tratamento daquela época destinado às mulheres.
“Mulher-Maravilha” não é perfeito, mas certamente é um avanço nos filmes do universo cinematográfico da DC. Temos aqui um bom acerto da Warner depois dos fracos “O Homem de Aço”, “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” e o ruim “Esquadrão Suicida”. É uma aventura que abraça o fantástico colocando uma heroína no centro da ação, uma história de origem forte onde o amor e a esperança ganham foco. A Mulher-Maravilha de Gal Gadot é linda, forte, poderosa, empoderada e feminina. Steve, Sameer, Charlie e Chefe, em diversos momentos só observam impressionados enquanto ela resolve a situação, isso, quando não a pedem socorro.
Obs. Na cabine de imprensa não foi exibida cena pós-créditos.
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Nota do Sunça:
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