Depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter Parker (Tom Holland) voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre (Michael Keaton) surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa não será tão fácil como ele imaginava.
134 min – 2017 – EUA
Dirigidor por Jon Watts, roteirizado por Jon Watts, Chris McKenna, Erik Sommers, Jonathan Golstein (XII) e John Francis Daley. Com Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Chris Evans, Marisa Tomei, Jennifer Connelly, Jacob Batalon Laura Harrier, Zendaya, Jon Favreau, Michael Chernus, Donald Glover, Tony Revolori, Angourie Rice, Bokeem Woodbine, Logan Marshall-Green, Michael Barbieri, Gwyneth Paltrow e Kenneth Choi.
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Eu amo o Homem-Aranha. Não me recordo de um tempo em que o herói não estava presente em minha vida. Logo, todo e qualquer produto, produção audiovisual e/ou gráfica do Aracnídeo têm um lugar especial no meu coração. (Como demonstrei bem no texto sobre o “Espetacular Homem-Aranha: A Ameaça de Electro”) Agora, para minha felicidade, chegamos ao sexto filme do Aranha e infelizmente ao segundo reboot em apenas 15 anos. Apesar da ideia de recomeçar mais uma vez a história de Peter não agradar. O pequeno vislumbre que tivemos em “Capitão América: Guerra Civil” empolgava. O Homem-Aranha/Peter Parker apresentado prometia ser a melhor adaptação do personagem para o cinema, e de fato é.
Nos três longas dirigidos por Sam Raimi fomos apresentados a um Peter Parker extremamente nerd que lembrava muito o garoto criado em 1962 por Stan Lee e Jack Kirby. Mas ao se tornar seu alter ego, deixava a desejar. Quando mascarado era apenas um brucutu com poucas piadas, não agia como um garoto. Com o primeiro reboot Marc Webb deixou Peter um nerd mais descolado e menos desajustado. Era um garoto que sofria mais com seus problemas psicológicos e traumas do que com acontecimentos do dia-a-dia. Porém quando de uniforme, principalmente em “A Ameaça de Electro” sua movimentação era incrível, atirava suas teias, saltava pelos prédios, batia nos bandidos enquanto disparava piadas para todos os lados. Tudo isso ao mesmo tempo, e com um trejeito “amador” de combate ao crime. Lembrava bastante o Aranha dos quadrinhos. Em “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” Jon Watts recomeça tudo de novo e, no melhor estilo John Hughes, nos traz um adolescente de verdade. Que lida com problemas no colégio, com sua tia, não sabe falar com meninas e, como todo menino, quer se provar e se descobrir. A combinação perfeita de Peter Parker e Homem-Aranha. Que sim, sofre muitas mudanças mas mantém o espírito e a aura do personagem intacto.
No início do longa acompanhamos Adrian Toomes (Michael Keaton) em acontecimentos logo após a batalha de Nova York que aconteceu no primeiro longa dos Vingadores. Presenciamos o início de sua insatisfação e a decisão que vai culminar em sua transformação no vilão Abutre. Esse momento inicial é importante para humanizar Toomes, o torna um personagem multifacetado. Então mais a frente entendemos sua motivação e suas decisões. Assim ele se difere dos demais vilões da Marvel que, normalmente, apenas querem destruir tudo e todos. Caímos então em um ótimo vídeo diário de Peter Parker (Tom Holland) sobre sua “aventura” com os Vingadores em “Guerra Civil”. Esse vídeo já demonstra bem como aqui o protagonista é mesmo um garoto empolgado e impressionado com todas as mudança ocorrendo em sua vida. Após a batalha Parker volta para casa e para a sua vida colegial. O que o incomoda, uma vez que acredita estar sendo “mal aproveitado”. Após o colégio ele luta diariamente contra pequenos crimes nas redondezas do Queens, até que pensa ter encontrado uma missão na qual poderia se provar digno de ser um vingador. O vilão Abutre (Michael Keaton) surge com um perigoso esquema de contrabando de armas, porém a ameaça do novo vilão não é tão fácil de combater como o Aranha imagina.
O grande acerto de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” está no arco dramático de seu protagonista e no foco que a narrativa dá ao seu dia-a-dia no colégio. No início Peter é um garoto que está empolgado por ter lutado ao lado dos Vingadores, seu objetivo é impressionar Tony Stark (Robert Downey Jr.) e garantir seu lugar no grupo de super heróis. A vida colegial perde a graça e parece não fazer mais sentido. Uma divertida montagem ilustra bem a ansiedade de Parker em sair da escola e colocar seu uniforme. Algo que me lembrou bastante o filme “Te pego lá fora”. E apesar de se achar pronto o roteiro nos demonstra o tempo inteiro de que esse é um inexperiente Homem-Aranha. Um herói em formação que ainda têm muito a aprender. Basta perceber que o próprio teioso é a causa de muitas das situações as quais ele têm de enfrentar. E quando de fato no final da obra ele se encontra em uma situação aparentemente maior do que ele pode resolver é nítido o seu medo e pavor. No final ele percebe qual seu papel, seu dever e sua responsabilidade. Quando está sem a máscara é um nerd desajeitado que sofre bullying, principalmente na figura de Flash Thompson (Tony Revolori). Ele têm em Ned Leeds (Jacob Batalon) um parceiro e amigo, na linda Liz Allan (Laura Harrier) sua paixonite adolescente e a estranha Michelle (Zendaya) se demonstra uma amiga e uma interessante reinterpretação de uma famosa personagem. Todo o elenco está muito bem, Tom Holland impressiona e entrega uma ótima performance em todas as cenas. Michael Keaton humaniza o Abutre e com uma atuação poderosa o torna o vilão mais interessante da Marvel até agora. Marisa Tomei é uma boa Tia May, mais moderna e divertida. A relação entre ela e Peter tem momentos tocantes, percebemos o companheirismo entre eles, um bom exemplo é a sequência em que Parker pede sua ajuda desesperado. Tudo desenvolvido de forma discreta e com poucas cenas, sem nunca mencionar diretamente o Tio Ben. (Ainda que seja perceptível a ideia de uma família despedaçada.)
Alguma mudanças não vão agradar os fãs mais xiitas. O uniforme mais tecnológico e a falta da história de origem (Mencionada em uma única frase) são bons exemplos. A figura de Tony Stark como mentor de Peter também vai incomodar muitos, além da falta do Tio Ben. Que é mencionado também em apenas uma única frase. (É clara a intenção de se evitar a história de origem do personagem) Isso de fato me incomodou um pouco, afinal, Ben é a motivação máxima do Teioso. Porém as outras mudanças não incomodam, aliás, fazem sentido em um Aranha dentro do Universo cinematográfico da Marvel. Até porque Stark têm bem menos tempo de tela do que foi sugerido nos trailers. Ele e Happy Hogan (Jon Favreau) são bem enquadrados na trama, suas aparições não ficam forçadas e nem excessivas. E aqui vale uma menção às ótimas aparições do Capitão América (Chris Evans) uma delas presente no trailer. Mudanças são necessárias. Mas o importante é manter a aura e o espírito do personagem, o que aqui acontece. O Homem-Aranha é um garoto que têm de lidar com provas de espanhol, decathlons acadêmicos, problemas com garotas, ajudar sua tia ao mesmo tempo em que combate o crime. Em vários momento o herói escolhe o dever em detrimento a sua vontade, o que ele realmente quer. E isso é Homem-Aranha. Fica nítido em dois momentos que envolvem a Liz, onde é claro que Peter apenas queria ficar próximo a garota mas honra sua responsabilidade.
A obra lembra muito um filme adolescente dos anos 80, as referências são várias. É só perceber que, como em todo bom filme daquela geração, tudo culmina no baile. Momentos na detenção lembram o ótimo “Clube dos Cinco” e em uma cena onde o Aracnídeo pega um “atalho” temos uma linda referência ao também ótimo “Curtindo a Vida Adoidado”. John Hughes ficaria orgulhoso. Além disso o filme respeita e faz menções aos longas passados do personagem. Temos referências a cena do beijo em “Homem-Aranha”, a cena do metrô em “Homem-Aranha 2” e a cena inicial de Homem-Aranha 3”, dentre outras. Até uma engraçada referência ao Batman está presente. E não para por aí, durante a logo inicial temos a música tema dos anos 60, ao longo da obra vários apetrechos utilizados pelo herói na famosa animação dos anos 90 estão presentes e, claro, menções aos quadrinhos não faltam. Momentos de superação do Aranha vão te lembrar clássicos como “A Saga do Planejador Mestre”. E os fãs mais atentos vão perceber durante a trama a presença de outros inimigos clássicos do herói como o Escorpião, o Construtor e o Gatuno. É sutil, mas existe uma menção a Miles Morales.
“Homem-Aranha: De Volta ao Lar” marca o retorno do personagem a Marvel. Graças a uma parceria entre a Sony, que têm os direito cinematográficos do herói, e a Marvel Studios Peter agora pode ser parte do Universo Cinematográfico da Marvel. De fato, o Aranha está de volta a sua casa. Um filme divertido, empolgante, ágil e dinâmico. Com uma fotografia colorida que remete a infância e o colégio (Muito perceptível nos créditos finais), uma boa trilha sonora que ilustra bem os acontecimentos da trama, vide a “Blitzkrieg Bop” dos Ramones que podemos ouvir assim que Peter finalmente saí do colégio. Bons designs de personagens e um tom cômico que nunca se sobressai ao arco dramático proposto. É comum em longas de super-heróis um clímax grandioso que coloca o mundo em risco, o que não acontece no novo filme do teioso. A luta final é menor mais simples e menos mirabolante. Afinal, o Homem-Aranha é apenas um adolescente que dispara suas teias e combate o crime ao mesmo tempo que tenta entender quem é.
Obs. Temos duas cenas pós-créditos. Uma logo após ao filme e outra no final de todos os créditos. Essa última uma das melhores até agora.
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Nota do Sunça:
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