Sunça no Streaming – Cabras da Peste – Netflix (2021)

Na trama, Bruceuilis (Filho) é um policial do interior do Ceará que, para resgatar Celestina, uma cabra considerada patrimônio da cidade, viaja até São Paulo. Lá encontra Trindade (Nachtergaele), um escrivão da polícia que resolve se aventurar em campo, mesmo não sendo sua especialidade. O longa tem o estilo conhecido como buddy cop, mas com um toque à brasileira.

97 min – 2021 – Brasil

Dirigido por Vitor Brandt. Roteirizado por Vitor Brandt e Denis Nielsen. Com Edmilson Filho, Matheus Nachtergaele, Leandro Ramos, Letícia Lima, Juliano Cazarré, Evelyn Castro, Falcão, Rossicléa, Victor Allen, Jéssica Tamochunas, Eyrio Okura, Renan Medeiros, Marianna Armellini, Emerson Ceará, Cristiane Wersom, Bolachinha, Rafael Portugal, Haroldo Guimarães.

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Em 2013 o diretor Halder Gomes trouxe uma nova modalidade de comédia para o cinema brasileiro. “Cine Holliúdy” apresentava o humor cearense e trazia brasilidade, uma característica pouco vista em nossas produções. A novidade foi bem sucedida e também pelas mãos de Halder Gomes tivemos em 2016 “O Shaolin do Sertão” e em 2018 a continuação “Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral”. Além do diretor e estilo de humor, todos esses filmes tinham outra peça em comum, o ator Edmilson Filho. Agora em 2021 Edmilson junto com o diretor Vitor Brandt apresentam o encontro do humor cearense com o estilo de filme “buddy cop”. “Cabras da Peste” é uma sátira aos longas policiais que faz referência a vários clássicos do gênero. Parece uma paródia de “Um Tira da Pesada”, trazendo até mesmo uma versão em forró da música de abertura da comédia com o Eddie Murphy. A canção “The Heat Is On” de Glenn Frey se torna “Calor do Cão” na voz de Gaby Amarantos, Junior Groovador e Gustavo Garbato.

Dois policiais com personalidades diferentes e conflitantes são forçados a trabalhar juntos. Uma trama comum mas que traz consigo toda a brasilidade que a cena de abertura do longa nos mostra. Ela cria piadas visuais e apresenta a pequena Guaramobim, cidade natal de Bruceuilis Nonato (Edmilson Filho) o “tira arretado”. Rapidamente também conhecemos Renato Trindade (Matheus Nachtergaele) o “policial de escritório”.  A união dessa dupla improvável, um policial de uma cidade pacata e um policial da capital paulista, tem como estopim o sequestro de uma cabra por um caminhão de rapadura. Uma trama com enorme potencial cômico, que infelizmente, acaba um pouco desperdiçada. O filme não se leva a sério, faz graça com tudo e com todos. Atuações caricatas, muitas coincidências movem o roteiro e frases de efeito que são verdadeiros “trocadilhos de efeito”. O sequestro da cabra se comprova como uma peça de um grande e previsível quebra cabeça. A previsibilidade da narrativa não é necessariamente um problema. O foco é o deboche e a piada. A paródia e a sátira são a principal proposta do longa, e é justamente no excesso delas que encontramos um dos problemas do filme.

Bruceuílis adora os clássicos de ação policial e demonstra um enorme orgulho por seu trabalho e pela pequena cidade de Guaramobim. Edmilson Filho apresenta um policial durão, que é preocupado com seu parceiro e demonstra muito carinho pela Celestina, a cabra. Tem um bom humor físico e é o protagonista das cenas de luta. Trindade, o seu parceiro, é um policial burocrata e medroso que quer impressionar sua chefe Priscila (Letícia Lima). Basicamente essa é a composição que Matheus Nachtergaele apresenta para seu personagem. O elenco conta com talentosos humoristas vindos dos mais variados tipos de humor. Leandro Ramos, Victor Allen, Evelyn Castro, Falcão e Rossicléa são alguns dos nomes que encontramos no elenco. As brigas exageradas merecem destaque Bruceuílis não carrega arma de fogo, o que rende boas piadas como quando encara criminosos armados com uma toalha molhada. O núcleo policial da capitã Priscila é caricato, fazendo muitas piadas e dando alfinetadas no modo de operar da polícia brasileira. Falcão protagoniza o núcleo político e ironiza nosso modo de fazer política e nossos políticos atuais. Alfinetadas bem dadas, mas que não se propõe a uma discussão e/ou debate sobre o tema. Ao longo de todo o filme damos risadas de piadas engraçadas, e algumas nem tão engraçadas assim, que devido ao talento da boa equipe de comediantes são bem sucedidas. Porém, em alguns momentos, incomoda a insistência em um tipo de humor datado, ofensivo e besta. No final da obra piadas recorrentes nos cansam, a trama opta por escolhas fáceis e o exagero do besteirol deixam a experiência desagradável.

“Cabras da Peste” acerta em cheio quando sua trama está na pacata Guaramobim. Esse núcleo é engraçado, besta e apresenta um deboche refinado. É uma pena que a maior parte do longa se passa em São Paulo. Um filme que nos faz rir e que a habilidade e carisma de seu elenco nos segura até o final. Uma ótima premissa que deixa uma sensação de trama desperdiçada.

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Nota do Sunça:

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